Mais de duas mil pessoas participaram, no último sábado (23), da 7ª Romaria da Terra, das Águas e da Ecologia, realizada no Quilombo São Pedro, em Eldorado (SP). Com o tema *“Todos cuidando da Casa Comum”*, a Romaria uniu fé, espiritualidade e compromisso socioambiental, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2025.

Representantes de povos quilombolas, indígenas Guarani, caiçaras, pescadores artesanais, agricultores familiares, pastorais sociais, movimentos populares e fiéis de diversas paróquias caminharam cerca de 2 km pela Mata Atlântica.

A Celebração Eucarística foi presidida por Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, bispo de Registro, e contou com a presença de Dom Eduardo Malaspina (Itapeva) e Dom José Luís Bertanha (emérito de Registro).

Quilombo em destaque - A Romaria deste ano teve um significado especial por coincidir com a celebração dos 200 anos do Quilombo São Pedro, em outubro. A comunidade anfitriã acolheu os romeiros e integrou sua trajetória de resistência e preservação à caminhada, reforçando a importância histórica e cultural do território.

Carta da Romaria: Durante o evento, foi lida a Carta da 7ª Romaria do Quilombo São Pedro, que denuncia ameaças como: atraso na titulação dos territórios tradicionais, mineração predatória, projetos de barragens, desmatamento, criminalização das roças e ausência de políticas públicas.

As reivindicações incluem:

• Titulação imediata dos territórios quilombolas, indígenas e caiçaras;

• Defesa do Rio Ribeira contra barragens e mineração;

• Reconhecimento do Sistema Agrícola Tradicional Quilombola como patrimônio cultural e ecológico;

• Inclusão do Vale do Ribeira como território estratégico nas políticas climáticas;

• Políticas públicas participativas em saúde, educação, crédito e assistência técnica.

Defesa da Casa Comum

O evento reafirmou que não há justiça ambiental sem justiça social e destacou o papel dos povos tradicionais como guardiões da maior área contínua de Mata Atlântica do país. O clamor final ecoou em uníssono entre os participantes:

Criadas em 1986, as Romarias da Terra no Vale do Ribeira se consolidaram como espaço de fé, denúncia e esperança, reunindo milhares de pessoas em defesa do território e contra projetos de destruição, como barragens e mineração. A edição de 2025 retoma essa tradição no momento em que o Brasil se prepara para a COP30, ressaltando o papel estratégico do Vale do Ribeira na preservação ambiental e no enfrentamento às mudanças climáticas.

Fonte: Registro Portal da Cidade